Consumidores terão que se adaptar a nova lei paulista que proíbe a
distribuição ou venda de sacolas plásticas.
Entrou em vigor na capital de São Paulo a lei municipal que proíbe
a distribuição gratuita ou venda de sacolas plásticas em todos os
estabelecimentos comerciais. O mercado tem até 31 de dezembro para adaptar-se
às novas regras.
A promulgação da lei trouxe muito mais do que uma polêmica. Ela
colide com interesses comerciais e industriais e traz à tona estudos que
apontam para soluções distintas. “Apresentamos há 5 anos um projeto do
Instituto Mauá de Tecnologia que propunha dois tipos de sacos de lixo: um para
lixo orgânico, outro para o reciclável. Enviamos o projeto para a imprensa e
para a Câmara dos Deputados, mas não houve retorno”, lembra o Prof. Antonio
Carlos Dantas Cabral, coordenador do curso de pós-graduação em Engenharia de
Embalagem do Instituto Mauá de Tecnologia.
“Pretendemos atualizar e reapresentar esses projetos até o fim do
ano”, revela o Prof. Cabral que também é especialista em Sistemas de Embalagem
e doutor em Engenharia de Produção. O professor Cabral dá a dimensão do tema
com propriedade: “O assunto é mais amplo do que olhar a embalagem como algo que
polui. Embalagem não polui; pelo contrário, ajuda a proteger. O problema é a
educação ambiental”, explica.
Para entender melhor essa questão, é necessário um estudo completo
de todo o processo, desde o descarte e coleta até o tratamento e absorção do
lixo pela natureza. É importante lembrar que a taxa da coleta de lixo cobrada
pelas Prefeituras Municipais não destina investimentos para solucionar a
questão do descarte. A questão ambiental que promoveu essa proibição das
sacolinhas plásticas é baseada na composição da matéria-prima, o petróleo,
considerado vilão para o meio ambiente.
Os cidadãos devem buscar alternativas, como o uso de caixas de
papelão e das bolsas de pano, chamadas ecobags.
No entanto “é uma pena que tão importante decisão não tenha contemplado
questões cruciais”, lamentou Miguel Bahiense, presidente do Instituto Nacional
do Plástico (INP) e da Plastivida, uma associação de classe que defende o uso
sustentável do plástico.
A visão do professor da Mauá coaduna-se com essa afirmação. Para
Antonio Cabral, a sacola plástica, quando utilizada devidamente, protege o
resíduo urbano, pois retarda a contaminação do lençol freático pelo chorume (o
líquido que se forma nos aterros sanitários e que gera CO2). Se o
saco de lixo fosse biodegradável, geraria CH4, metano, pior do que o
CO2 que causa o efeito-estufa.
A proposta elaborada há seis anos por um aluno do mestrado de
Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos da Mauá e que está sendo
atualizada pela pós-graduação de Engenharia de Produção, aponta os sistemas de
tratamento, incluindo usinas de compostagem e coleta seletiva, como parte
fundamental para a preservação do meio ambiente. Soluções inovadoras podem ser
vistas em algumas cidades, como Barcelona, na Espanha. “Lá, o lixo é
pressurizado e o sistema de coleta de lixo a vácuo corre por tubulações
subterrâneas que sugam os materiais até as estações de coleta”, explica o
professor.
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